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Necropapiloscopia, odonto e antropologia: entenda o trabalho da Polícia Técnico-Científica

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A identificação dos corpos de vítimas de um acidente é um trabalho que exige dedicação e precisão em meio à agilidade necessária para conclusão do reconhecimento. Em São Paulo, as equipes da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) e da Polícia Civil usaram três métodos diferentes para identificar os corpos dos ocupantes da aeronave que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, em agosto. Os peritos criminais e médicos-legistas aplicaram os métodos de necropapiloscopia, odontologia e antropologia para realizar o trabalho, concluído em cinco dias. 

A diretora do Núcleo de Tanatologia Forense do Instituto Médico Legal (IML), Carla Abgussen, foi uma das responsáveis por coordenar a ação. De acordo com a médica-legista, a retirada das vítimas dos escombros contou com uma equipe médica pericial pela primeira vez no estado. A técnica adotada desde o início foi essencial para a agilidade na identificação.

“A análise provável da identificação começou na retirada dos corpos. Assim, ainda no local, os médicos e peritos colheram elementos que auxiliaram na indicação da vítima quando o material foi enviado ao IML”, disse Abgussen.

Duas equipes compostas por dois médicos legistas, quatro peritos, dois fotógrafos e três papiloscopistas se dividiram no local e trabalharam em cada lado da aeronave. A retirada ocorreu com cautela e exatidão pela equipe pericial, com o auxílio do Corpo de Bombeiros no manejo das ferragens.

Com todo o material biológico e externo coletados, os corpos foram encaminhados ao IML Central, localizado na capital paulista. Em menos de uma semana, as 62 vítimas da tragédia foram identificadas por meio da papiloscopia, odontologia e antropologia. O trabalho foi realizado em conjunto pelas equipes do IML e do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD) da Polícia Civil de São Paulo.

Necropapiloscopia

A necropapiloscopia é a identificação por meio das impressões digitais. É uma das modalidades da perícia papiloscópica, realizada pelo IIRGD. A técnica é a mais rápida e eficaz na identificação das vítimas. “Após o acionamento do instituto, os papiloscopistas policiais iniciam as atividades já no local a depender do caso. São coletadas impressões digitais para as pesquisas e comparação com o banco de dados”, explicou o papiloscopista policial chefe do Serviço de Perícia Dactiloscópica (SERPD), Rodrigo Turano.

Nos casos mais complexos, há necessidade de acionamento do Laboratório de Necropapiloscopia do IIRGD para coleta do material.

Odontologia forense

Por ser uma das partes do corpo mais resistentes, os dentes são frequentemente usados na identificação de vítimas em diferentes situações. O profissional responsável pela técnica é conhecido como odontolegista.

“Os dentes são resistentes e possuem uma camada de esmalte que protege de maneira robusta. Eles são submetidos a forças e temperaturas variadas constantemente, além de estarem protegidos por uma camada muscular”, explicou a perita criminal cirurgiã-dentista do Núcleo de Odontologia Legal do IML, Daniela Mieko Abe. “Essas características de proteção e resistência possibilitam a preservação dos dentes, o que não acontece com outras partes do corpo”, acrescentou.

A identificação por meio da odontologia é realizada por comparação. Documentos como prontuários odontológicos, radiografias, tomografias, modelos de gesso e até mesmo fotografias — fornecidas pelas famílias — são analisados e comparados com os materiais dentários coletados no acidente. 

A odontologia é usada quando o reconhecimento não é possível pela datiloscopia. “Os dentes possuem anatomia diferente para cada pessoa, além das alterações decorrentes de tratamentos realizados ao longo do tempo. Isso promove mais diferenciações, facilitando a análise e a identificação odonto-legal”, completou a Mieko Abe.

Antropologia

A antropologia é o estudo dedicado a compreender o ser humano e suas características. Já na forma forense de identificação, ela é aplicada para auxiliar quando os métodos anteriores não são suficientes.

São analisados os conjuntos de características conhecidas da vítima, traçando assim o perfil biológico e, em seguida, é realizado o processo de comparação.

“Em um sistema fechado, onde sabemos quais eram as vítimas, é preciso reunir as informações. O que identifica é o diagnóstico médico legal da identidade”, citou o médico-legista, Diretor do Núcleo de Antropologia Forense do IML, Paulo Sérgio Tieppo Alves.

A especificação acontece por meio da análise da característica humana, como sexo, faixa etária, altura, traços, sinais individuais e tipos sanguíneos. Tendo isso, é realizado o exame de confronto com as informações externas existentes, obtidas por meio de entrevistas com familiares.

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Imagem em destaque: SSP/Governo de SP

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