Deste a última segunda-feira (14) até 29 de novembro, as empresas interessadas em participar da segunda fase de testes do Drex, a versão digital do real , poderão enviar suas propostas ao Banco Central (BC). Os testes se concentrarão no desenvolvimento de negócios relacionados a smart contracts (contratos inteligentes).
“O projeto-piloto é destinado a instituições do mercado financeiro que tenham a capacidade de testar o modelo de negócios proposto, incluindo transações de emissão, resgate ou transferência de ativos, além de simulações de fluxos financeiros decorrentes de eventos de negociação”, informou o BC em nota.
Os contratos inteligentes, gerados pela tecnologia blockchain utilizada em criptomoedas, são programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato assim que são ativados. Isso permite que ações como transferências de dinheiro, pagamentos e registros ocorram automaticamente, reduzindo etapas burocráticas como escrituras e assinaturas em cartório, o que diminui custos e aumenta a eficiência.
Entre as operações possíveis com contratos inteligentes estão a compra e venda de veículos, imóveis e negociações de ativos do agronegócio. Por exemplo, na venda de um veículo, o contrato inteligente elimina dúvidas sobre quem deve realizar o depósito ou transferir documentos primeiro, tornando o processo instantâneo e automatizado, o que reduz custos com burocracia e intermediários.
O Drex está previsto para ser lançado no ano que vem e, atualmente, está em fase de testes com uma versão piloto. O objetivo é garantir segurança, escalabilidade e privacidade dos dados dos usuários. O projeto deverá focar áreas do sistema financeiro que não estão cobertas pelo Pix, promovendo avanços na digitalização econômica.
Diferenças entre Pix e Drex
Marcio Castro, CEO da RTM, hub integrador de tecnologia do mercado financeiro, ressalta que é importante esclarecer que o Drex e o Pix não são tecnologias que concorrem entre si.
“O Pix não vai acabar e continuará sendo uma ferramenta de pagamento no cotidiano das pessoas e instituições financeiras. Já o Drex vai além do simples pagamento eletrônico. Com o Real digital, será possível trazer para os brasileiros inovações como contratos inteligentes, tokens e pagamentos via IoT. Os primeiros casos de uso do Drex em produção devem ser inicialmente no âmbito institucional, ou seja, operações entre empresas do mercado financeiro”, explica.
Como o Drex vai impactar no dia a dia?
Segundo o especialista, um exemplo de como o Drex impactará positivamente a vida do usuário é a possibilidade do uso dos contratos inteligentes, os quais são programas que funcionam sob condições predefinidas, garantindo a segurança, transparência e imutabilidade, reduzindo a burocracia e os custos em processos como a compra e venda de imóveis, veículos e diversos serviços.
“Com o lançamento oficial do Drex, os contratos inteligentes poderão ser utilizados em serviços financeiros como empréstimos, seguros, compra e venda de imóveis e até gerenciamento de direitos autorais. A constituição de uma moeda soberana digital deu vida a inúmeros casos de uso de projetos de tokenização que começam a sair do papel a partir da expectativa da entrada em produção do Drex em 2025, o que também tem acontecido em outros países”, afirma Castro.
“Um dos pontos positivos da novidade é a redução de custos administrativos e melhor eficiência nas transações, em comparação com o sistema tradicional. Outro impacto importante nas instituições financeiras e bancos é que o Drex vai promover uma inovação por parte dessas instituições, elas precisarão se adequar à regulação do Drex, mas também poderão usar a tecnologia para obter vantagens competitivas”, completa.
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Imagem em destaque: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil