O pianista, maestro e compositor pernambucano Marlos Nobre morreu aos 85 anos na noite da última segunda-feira (2). A família do maestro optou por não informar a causa da morte. Ele deixa viúva e uma filha.
Marlos iniciou seus estudos musicais no Recife, aos 5 anos de idade, no Conservatório Pernambucano de Música. Nobre foi o primeiro brasileiro a reger a Royal Philarmonic Orchestra de Londres, em 1990.
Ele também foi regente de várias outras orquestras: Orchestre Philharmonique de l’ORTF em Paris; l´Orchestre de la Suisse Romande; l’Orchestre de l’Opéra de Nice, France; Orquesta Filarmónica del Teatro Colón, em Buenos Aires; Orquesta Sinfónica no México; Orquesta Sinfónica de Cuba. Foi professor visitante da Universidade Yale, da Juilliard School, da University of Texas e da Indiana University.
Suas obras são publicadas pelas editoras Max Eschig (Paris), Boosey & Hawkes (Inglaterra) e Marlos Nobre Edition (Rio de Janeiro).
Nobre dirigiu o Instituto Nacional de Música da Fundação Nacional das Artes (Funarte), em 1976. Presidiu o Conselho Internacional de Música da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, entre 1985 e 1987. Em 1988, passou a dirigir a Fundação Cultural de Brasília. Ocupa a cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Música e é diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife.
Em 2005, recebeu por unanimidade o Prêmio Tomás Luís de Victoria da Sociedad de Derechos de Autor (SGAE), em Madrid, Espanha, concedido por unanimidade pela primeira vez em sua história. Na entrega do prêmio, foi lançado na Espanha o livro Marlos Nobre: El sonido del realismo mágico, de Tomás Marco, editado pela Fundación Autor de Madrid.
Em nota, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) disse que Marlos, que já foi empregado da Rádio MEC, emissora ligada ao sistema, “sempre será lembrado por sua genialidade e contribuição à arte”. Como produtor de rádio na empresa, apresentou os programas Linguagem da Música e Tribuna de Compositores.
“A Empresa Brasil de Comunicação expressa seus sentimentos e se solidariza aos familiares, colegas e amigos de Marlos Nobre”, diz o comunicado da EBC.
A viúva do maestro, Maria Luiza Nobre, disse que o legado que ele deixa é o de ser o maior compositor ibero-americano, segundo o jornal The New York Times.
“O legado dele foi criar na Funarte o Projeto Espiral com filhos de funcionários em pleno regime militar. Foi preso duas vezes e, mesmo assim, voltou a fazer o projeto. A grande glória dele foi encontrar em Nova York vários meninos do Projeto Espiral fazendo doutorado na Juilliard School. Ela também foi visiting professor da Indiana Music, da Juilliard School, em Nova York e da Yale University. Um grande legado é ser tocado pelas maiores orquestras do mundo. Ele era considerado um verdadeiro gênio e queria o melhor para o Brasil na cultura”, disse a viúva.
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Imagem em destaque: Maria Luiza Nobre / Divulgação