Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade consiste em uma doença crônica, inflamatória e multifatorial. Podendo ser associada a fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e ambientais a doença ainda pode acarretar outras comorbidades igualmente significativas, como diabetes tipo II, hipertensão, apneia obstrutiva do sono (interrupção da respiração durante o sono) e provocar o acúmulo de gordura no sangue e alterações metabólicas. O dia 11 de outubro conta com duas datas importantes e alusivas ao tema: os dias Mundial da Obesidade e Nacional de Prevenção da Obesidade.
O quadro de acúmulo de gordura na região abdominal, localizada na parte central do corpo humano e que ocasiona o crescimento da barriga, é considerada a mais maléfica ao indivíduo. Ela se apresenta proximamente de órgãos importantes como estômago, fígado e pâncreas e pode contribuir para a deterioração desses órgãos, evoluindo para casos de cirrose, câncer de fígado, podendo o paciente necessitar de transplante de órgão.
O médico endocrinologista e chefe do setor de Endocrinologia do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), Francisco Bandeira, destaca que o coração é um dos órgãos que mais sofre diante de um quadro de obesidade. “A obesidade é uma doença, é fundamental que seja encarada como tal. Uma importante complicação provocada por ela é o quadro de insuficiência cardíaca e doença coronária. Outro fator associado à obesidade está na doença renal crônica, com importante evolução para hemodiálise, ocasionado pelo acúmulo de gordura visceral. Além disso, a doença está ligada ainda a incidência de cânceres, devido a sua característica inflamatória”, explica.
Francisco Bandeira, que também é chefe da disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade de Pernambuco, reforça que embora a doença tenha um importante componente genético, a população brasileira se alimenta de forma incorreta, e aponta um dos principais erros adotados: “A nossa população comumente é adepta da ingesta de alimentos processados, como biscoitos, salsicha, salame e carne vermelha, e dos ultraprocessados, alimentos repletos de corantes e conservantes. Esses alimentos possuem alto teor calórico e altos níveis de sódio, contribuindo para o quadro de obesidade, surgimento ou agravamento de outras doenças como hipertensão e diabetes, por exemplo”, completou.
Entre os problemas provocados a partir da obesidade estão ainda o excesso de gordura em região periférica – gordura localizada principalmente na parte inferior do corpo, como quadril, nádegas e coxas -, o paciente pode apresentar problemas articulares na região da coluna, bacia e joelho.
Ainda há os casos de refluxo gastroesofágico, que faz com que o ácido produzido pelo estômago volte pelo esôfago, evoluindo para câncer de esôfago, uma das causas comuns na obesidade.
Quanto à orientação para prevenção de quadro de obesidade, o médico ressalta que o cuidado deve começar na infância, pois na fase mais longeva da vida é mais difícil alterar hábitos de vida sem a intervenção médica. “Uma importante forma de prevenção da obesidade é já na fase da infância, diminuindo a ingestão de açúcares e gorduras; fugir de alimentos processados e ultraprocessados; realizar atividades físicas regularmente e buscar avaliações e exames periódicos, além de não promover a automedicação com fins de emagrecimento. Não existe autocontrole para comida. A obesidade limita a vida do indivíduo, mas tem prevenção e tratamento”.
Como descobrir se você está obeso? – A definição da obesidade é realizada de acordo com o Índice de Massa Corpórea (IMC), calculado através do peso dividido pela altura ao quadrado. Esse é o parâmetro oficialmente utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a OMS, uma pessoa apresenta um quadro de obesidade quando o IMC é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso.