Gisèle Pelicot, uma francesa que foi vítima de um dos casos mais perturbadores dos últimos anos, finalmente conseguiu terminar o processo de divórcio de Dominique Pelicot, acusado de dopá-la e contratar estranhos para estuprá-la durante dez anos.
Dominique está sendo julgado no tribunal de Avignon, na França, junto com outros 50 réus, desde a semana passada. O advogado das partes civis confirmou à AFP nesta segunda-feira o fim do casamento de 51 anos.
Em 22 de agosto, o divórcio foi oficializado, mas a família só foi informada da conclusão do processo em 2 de setembro, no dia inicial do julgamento. Apenas nesta segunda-feira o público teve acesso à informação.
A acusação diz que entre 2011 e 2020, Gisèle foi abusada por mais de 70 homens. Os advogados se referiam à vítima e ao réu como um casal “em processo de divórcio” mesmo antes do início do julgamento, que deve começar em dezembro. Em 1973, Gisèle e Dominique, ambos de 71 anos, se casaram.
Em 2020, Gisèle decidiu retomar seu nome de solteira após descobrir os crimes cometidos pelo marido. No entanto, ela e os três filhos chegaram a um acordo na última quinta-feira para permitir que o sobrenome Pelicot fosse usado pela mídia. Até então, a família havia solicitado que os seis netos de Gisèle fossem referidos apenas por seus primeiros nomes, para preservar sua privacidade.
Após o depoimento emocionado de Gisèle sobre os cerca de 200 estupros sofridos durante o casamento, ela mudou de perspectiva.
“Para os netos, no parque infantil, é um orgulho para eles serem netos de Gisèle Pelicot. Para eles, é importante que se torne um orgulho no parque infantil ter este nome, que hoje é um sobrenome de coragem encarnada e força sobre a vida”, concluiu o advogado Antoine Camus.
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Imagem em destaque: redes sociais.