Mais da metade das doações de órgãos, em Pernambuco, são feitas a partir do Hospital da Restauração (HR). Os dados são de um levantamento feito pela Central de Transplantes, ligado à Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), e mostram que, no primeiro trimestre deste ano, 78% das doações foram realizadas no HR, maior hospital da rede pública de saúde do estado. Até a próxima quinta-feira, dentro da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos, haverá uma série de ações educativas e informativas para chamar atenção para o assunto.
Nestas terça, quarta e quinta-feira (24, 25 e 26/09), no hall social, profissionais de diversos setores do hospital distribuirão panfletos informativos sobre a campanha Setembro Verde e também farão abordagens educativas com pacientes, acompanhantes, visitantes e funcionários da instituição. A ação para marcar o fim da campanha será no auditório do HR, na quinta-feira (26), a partir das 8h45, e contará com um café da manhã para todos os profissionais de saúde da unidade, em agradecimento pelo empenho no processo de doação de órgãos, que envolve uma equipe multiprofissional e exige integração entre os vários setores do hospital. Na ocasião, também haverá exposição sobre a participação do HR no cenário estadual e uma breve apresentação sobre o assunto, com o enfermeiro Lucas Stterphann.
Entre janeiro e março de 2024, das 23 doações realizadas em Pernambuco, 18 foram no Hospital da Restauração. O impacto da mobilização se reflete na vida de muitas famílias: no último mês de agosto, 57 pessoas que aguardavam por algum órgão foram beneficiadas por 13 doadores. Dos seis corações captados no estado todo, cinco foram da unidade. Além disso, foram doados 20 rins, 10 fígados, 22 córneas e dois pâncreas.
“Apesar de trabalharmos com o paciente falecido, atuamos pela vida de outras pessoas, então buscamos dar qualidade de vida para quem está aguardando por um transplante, é motivo de orgulho para todos nós”, afirma a enfermeira e coordenadora de Enfermagem da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott) do HR, Cláudia Moura.
De janeiro a junho, houve uma redução de cerca de 8% entre os anos de 2023 e 2024. Neste ano, foram registradas 47 doações, enquanto no mesmo período do ano passado foram realizadas 51 doações. O HR também registrou uma queda de 10%, passando de 100 para 90 doações, na comparação entre os anos de 2022 e 2023.
De acordo com o coordenador da Organização da Procura de Órgãos do HR, João Paulo Ribeiro, a tendência global é de diminuição no número de doações, mas, segundo ele, o HR tem mantido a média. “A queda é uma flutuação que percebemos de um ano para o outro, mas, até o momento, essa redução não preocupa, estamos seguindo a média histórica. A maior dificuldade ainda é ter uma comunicação assertiva com a família, que muitas vezes tem pouca informação sobre o diagnóstico do paciente e se depara com uma situação muito dramática de encarar o óbito e em seguida precisar refletir sobre a autorização da doação de orgãos”, explica o médico.
O HR é o hospital que mais capta órgãos por causa do perfil de atendimentos realizados na instituição, como as doenças cerebrovasculares e traumas mais graves, cuja incidência de morte encefálica é maior. A equipe responsável pela captação de órgãos no Hospital da Restauração está disponível 24 horas por dia e possui mais de dez profissionais (incluindo médicos (as), enfermeiros (as) e trabalhadores (as) administrativos), que se revezam nos plantões.
Os rins são os órgãos mais captados pela equipe do HR, além de coração, córneas, fígado e pâncreas. Após a constatação da morte encefálica, que deve ser feita por médicos com capacitação específica, a equipe da Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott) é a responsável por abordar a família para tratar sobre a doação. A Lei dos Transplantes estabelece que a doação só pode ocorrer apenas após o consentimento familiar.